“Nós vamos fazer todo o esforço que for possível nos próximos 60 dias para conseguir junto ao poder público sanar o deficit de R$ 7 milhões previstos para o HG neste ano. Mas, se não conseguirmos esse recursos, nos próximos 60 dias, contados a partir de hoje, nós teremos que fechar leitos do hospital”, alertou o presidente do Conselho Diretor da FUCS, professor Ambrósio Luiz Bonalume.
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, dia 6 de abril, Bonalume reforçou que a medida se tornou necessária porque não há mais como as despesas geradas pelo custeio do hospital serem abatidas com recursos provenientes da arrecadação de outras mantidas da Fundação. Em 2017, contextualizou ele, o deficitorçamentário da instituição hospitalar alcançou R$ 5,9 milhões e precisou ser pago com receitas obtidas a partir das mensalidades dos acadêmicos da Universidade ou por meio de serviços terceirizados pela Instituição de ensino.
O presidente do Conselho Diretor da FUCS indica que, em uma avaliação preliminar, devem ser fechados cerca de 50 leitos do HG, o que representa uma redução de aproximadamente 23% da capacidade de atendimento da instituição. “Esse fechamento será infelizmente necessário, sob pena de comprometermos a saúde financeira da Fundação e da própria Universidade”, alertou.
Fim de repasses públicos gerou dificuldades financeiras
A Fundação Universidade de Caxias do Sul realiza a gestão do Hospital Geral desde sua criação, em 1998. Daquele ano até 2008, o Estado do Rio Grande do Sul repassava recursos para a folha de pagamento do HG e também valores que eram colocados em uma reserva técnica para despesas eventuais. A partir de 2008, esse contrato era renovado anualmente, mas o reajuste levava em conta apenas a correção da inflação. Chegou um momento em que o valor da folha de pagamento era muito superior ao aportado pelo Governo do Estado.
Para compensar a defasagem, os hospitais filantrópicos gaúchos passaram receber R$ 500 mil por mês. Com esse aporte, o Hospital se mantinha equilibrado até 2015. A partir de 2016, o Estado, por não ter verba prevista no orçamento, deixou de encaminhar os R$ 6 milhões anuais. Naquele momento, o Conselho Diretor da Fundação definiu que para reorganizar as receitas e as despesas do HG fosse feito o fechamento de leitos.
Na época, o prefeito Alceu Barbosa Velho utilizou R$ 4,3 milhões que seriam destinados à construção do Hospital Materno-Infantil para o custeio da entidade hospitalar. A prefeitura também destinou mensalmente, de setembro de 2016 a fevereiro de 2017, R$ 250 mil, obtidos a partir da lei que fez a repatriação de capitais no exterior. O prefeito Daniel Guerra, que assumira a prefeitura em janeiro daquele ano, renovou os repasses de março a maio de 2017, o que não se repetiu nos meses seguintes.
“Eu e o reitor da UCS, professor Evaldo Antonio Kuiava, estivemos reunidos com o prefeito, solicitando nova composição de valores para evitar o deficit. O prefeito falou que era obrigação do Estado sanar as dificuldades do Hospital Geral”, explica Bonalume.
Atualmente, a única receita mensal que se obtém do município de Caxias do Sul é de uma verba de R$ 214 mil mensais, repassados desde 2009. “Nós temos vários serviços contratualizados com o município, mas não há recomposição de valor”, explicou o presidente do Conselho Diretor. Ele destacou que 85% das internações do Hospital Geral se destinam a moradores da cidade.
Em 2017, o deficit do HG ficou em R$ 5,9 milhões, e para 2018, a previsão inicial era que alcançasse os R$ 9 milhões. Com esforços do Conselho Diretor e da direção do Hospital, recursos foram buscados neste primeiro semestre, e o que se conseguiu até agora é a redução da previsão para R$ 7 milhões. Por meio de verba parlamentar, obteve-se o repasse de R$ 1 milhão; outro R$ 1 milhão foi conseguido a partir do aumento de um repasse federal para auxílio de hospitais 100% SUS.
O Hospital Geral
Considerado referência na região, o Hospital Geral de Caxias do Sul conta com acreditação plena, pela qualidade dos serviços oferecidos. Além de atendimento à população de 49 municípios da região, o HG também funciona como Hospital-Escola, para os cursos de saúde da Universidade de Caxias do Sul. Ao todo, 600 alunos realizam, por mês, atividades junto à instituição. Para tanto, a UCS encaminha recursos mensais como forma de pagamento pelos estágios ali efetuados.
Em 2017, o Hospital Geral de Caxias do Sul recebeu 12 mil internações. Foram feitos mais de 18 mil atendimentos na radioterapia, zerando a fila de espera dos pacientes. Para manter a excelência dos procedimentos, o Hospital Geral tem um custo mensal de aproximadamente R$ 8,5 milhões.
Fotos: Claudia Velho e Elisângela C. S. Dewes